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criminosos (um deles Barrabás) discutem suas chances de serem perdoados de sua
punição na cruz.
Personagens
Zacarias,
Simão, Barrabás E Guarda
Script
GUARDA:
Não se acomodem muito. Volto logo para pegá-los.
ZACARIAS:
Se eu tivesse uma faca...
SIMÃO:
O quê? Se tivesse o quê? Admita Zacarias, este é o fim.
ZACARIAS:
Não necessariamente.
SIMÃO:
Você tem um plano?
ZACARIAS:
Bem que eu queria. Eu tenho uma esperança. Todo ano no Pessach, Pilatos liberta
um dos prisioneiros.
BARRABÁS:
Isso é uma bobagem.
SIMÃO:
Tem mais alguém aqui conosco!
BARRABÁS:
Acho que vocês dois são mesmo bem perigosos. Nem mesmo checaram a cela para
saber se estavam sozinhos. Nem se incomodaram em saber para quem estão dando as
costas.
ZACARIAS:
E você seria quem? Nós estamos aqui por roubar dos romanos.
SIMÃO:
Zacarias, eu acho...
ZACARIAS:
Cale a boca, Simão.
BARRABÁS:
O que faz você pensar que as pessoas vão clamar para libertá-lo? Quem se
importa com uma dupla de ladrões?
ZACARIAS:
E você por acaso tem uma chance melhor de perdão?
BARRABÁS:
Perdão? Quem quer o perdão dos romanos? Eu passei minha vida matando romanos,
atacando das sombras, esfaqueando quando nem estavam olhando. Não há perdão
para mim. Vocês devem aceitar o fato de que são imperdoáveis, assim como eu.
ZACARIAS:
Escute, grandalhão, todos fizemos nossa parte contra os romanos. Eu não quero
passar minha última hora ouvindo o quanto você é mal.
BARRABÁS:
Muito bem. Talvez EU não queira passar a MINHA última hora com dois
ladrõezinhos de segunda, malandrinhos que usam a revolução como desculpa para
roubar. Talvez eu queira ficar sozinho.
SIMÃO:
É... Zacarias? Talvez devêssemos sentar ali no canto.
ZACARIAS:
Ele não vai nos machucar. Ele só quer assustar você.
BARRABÁS:
Você não parece se assustar fácil. Acho que já encarou a morte antes.
SIMÃO:
Zacarias!
ZACARIAS:
Talvez não tantas vezes quanto você.
BARRABÁS:
Já esteve em uma crucificação?
ZACARIAS:
Só quando os ricos estão assistindo.
BARRABÁS:
Eu acho que nunca prestou muita atenção nas pobres vítimas da opressão romana
penduradas ali, prestou?
ZACARIAS:
Por que os vivos deveriam se preocupar com os mortos?
SIMÃO:
Ótimo! Vou passar o final da minha vida ouvindo vocês dois tentando ser mais
macho que o outro. Quem se importa quem é o melhor criminoso aqui? Vamos morrer
logo!
BARRABÁS:
A questão é: qual de nós está pronto para morrer?
ZACARIAS:
Eu estou pronto!
BARRABÁS:
Ótimo, porque os romanos adoram nos ouvir gritar. Eles amam nos ver sofrendo
carregando todo o peso daquela travessa da cruz. Eles amam nos ver lutando para
respirar, morrendo um pouco a cada respiração que lutamos para fazer.
SIMÃO:
Ah, cara...
BARRABÁS:
Você vai lhes dar esse gostinho? Você vai gritar como um bom menino?
SIMÃO:
Nós podemos ser perdoados!
ZACARIAS:
Isso mesmo. Eu tenho muitos amigos lá fora. Eles vão clamar por mim.
BARRABÁS:
E quanto ao seu colega aqui? Só um pode sair livre.
SIMÃO:
Oh Deus...
BARRABÁS:
Encare isso: nós somos imperdoáveis, e sempre seremos. Pelo menos podemos
morrer como homens.
GUARDA:
(Entrando) Barrabás! Você deve agradecer aos deuses pela sua misericórdia.
BARRABÁS:
Eu nunca vou agradecer àquelas estátuas em valor!
GUARDA:
Escute, seu lixo sem valor, não se esqueça que você pode ser trazido de volta
para cá num segundo se causar problemas de novo.
BARRABÁS:
Do que você está falando?
GUARDA:
Você está livre. Você recebeu o perdão do Governador Pilatos!
BARRABÁS:
O quê?
GUARDA:
Você é surdo? Você está livre! Perdoado! Agora tire essa cara feia daqui.
SIMÃO:
Oh Deus. Quer dizer que...
BARRABÁS:
Parece que terão uma cruz a menos nesta tarde. Lembrem do que eu disse.
GUARDA:
Não, eles prenderam alguém ontem. Ele está assumindo o seu lugar.
BARRABÁS:
Verdade? Quem?
GUARDA:
Aquele rabino, qual o nome dele? Jesus!
SIMÃO:
O que ele fez?
GUARDA:
Atividades revolucionárias.
ZACARIAS:
E o que isso quer dizer?
GUARDA:
O que quer que queiramos que seja, Volto para buscá-los em um minuto.
ZACARIAS:
Lá se vai nossa última esperança.
SIMÃO:
Talvez Jesus...
ZACARIAS:
Desista! Barrabás tinha razão. Somos imperdoáveis.
SIMÃO:
Eu ouvi desse Jesus...
ZACARIAS:
Se Jesus pudesse nos salvar, ele não estaria sob uma ordem de execução.
GUARDA:
Está na hora, vamos!
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